terça-feira, 18 de fevereiro de 2014


18 de Fevereiro de 1970



 Parece que foi ontem e já lá vão quarenta e quatro anos desde o dia do embarque para Angola. Neste dia, logo de manhã no CIAAC, lá estava fardado como deve ser, de saco às costas e uma mala de mão com os meus pertences. Foi só esperar pelo transporte militar, para me levarem com os meus restantes companheiros para o cais de Alcântara. Éramos cerca de cento e dez. Quando chegamos ao Cais, já lá estavam formadas outras companhias e outras chegaram a seguir, depois de todos formados e alinhados, foi passada a revista às tropas por vários Oficiais, se bem me recordo havia um General que fez o discurso da ordem e logo após e ao som da Banda que executava marchas Militares, lá começamos a embarcar no UÍGE que estava atracado à nossa espera. Os nossos familiares cá em baixo para lá das barreiras, acenavam-nos com os lenços, banhados em lágrimas soluçando e gritando pelo nome dos filhos. Da amurada do navio estávamos nós também a acenar com a boina, vendo-se muitas lágrimas também em muitos dos nossos olhos. A viagem durou onze dias e em 01 de Março de 1970, atracamos em Luanda.

5 comentários:

  1. É verdade amigo Sá Ferreira nesse dia que por acaso era o dia do aniversário do meu pai lá partimos em missão de soberania para defender uma parcela que era na altura da nossa Pátria , a Pátria exigiu nós cumprimos , devemos orgulhár -nos de o termos feito ao contrário de alguns que cobardemente fugiram e mais tarde voltaram com o estatuto de heróis, pena é que hoje naõ sejamos reconhecidos po isso Um abraço para todos .A Eugénio

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. SOU eu mais uma vez mas para emendar os erros, e fazer como na escola ; RESSALVO as palavras ORGULHARNOS e NÃO.Um abraço A. EUGÉNIO

      Eliminar
  2. Parece que foi ontem Eugénio que chegamos a Angola prontos para cumprir-mos o dever patriótico de lutar pela integridade do nosso território, pois não íamos atacar ninguém pelo contrário íamos defender a nossa Pátria como bem dizes, não fomos nós os Portugueses a iniciar as hostilidades, aprendemos na escola que Portugal era do Minho a Timor. Portugal foi destruído, ferido de morte pelos vendilhões incompetentes que como bem dizes regressaram com estatuto de heróis e que hoje vivem regaladamente com chorudas reformas enquanto nós… até nos olham com desdém por termos cumprido o nosso dever. Estou esperançado que um dia, ainda nos vão fazer a devida justiça, mas senão, temos nós a honra do dever cumprido, Abraço para ti extensivo a todos aqueles que, como nós, cumpriram o seu dever patriótico, Sá Ferreira.

    ResponderEliminar
  3. Certa noite regressei à companhia depois de ter estado dois meses no mato perto da famosa Pedra Verde numa companhia de engenharia que andava a abrir uma picada. Cheguei por volta da meia noite, cheio de fome pois já não comia desde a anterior madrugada,e como vi luz no refeitório fui lá para ver se me davam alguma coisa para matar a malvada, bati a porta apareceu o 1º sargento que me disse que não tinha nada que me pudesse dar; aí eu perguntei nem um bocado de pão? meu primeiro? nada nosso cabo nem isso respondeu-me ele . Desesperado fui falar com oficial de dia um alferes que se prontificou a ir comigo ao refeitório, mas sem resultado pois a resposta foi a mesma,e o alferes disse-me: olha pá não posso fazer nada.Fui para a caserna maldizendo a minha vida,sentei-me cama,pois nem sono tinha; nesse momento entrou um companheiro nosso o Seiça, que depois de eu lhe ter contado a minha história,me disse; é pá vai falar com o capitão Conceição que ele está na secretaria. O capitão Conceiçao conhecido como o capitão cacimbo, que também tinha os seus dias maus,assustava um bocadinho , e eu hesitei um pouco em ir falar com ele,mas a fome era tanta ,que me obrigou a ir. Cheguei á porta do gabinete perfilei-me, fiz continência,e disse V Senhoria meu capitão dá-me liçença? Resposta o que é que você quer? ,eu atrapalhado contei-lhe a minha história; isso não é nada comigo vá ter com o oficial de dia,mas com o oficial de dia já eu falei meu capitão,e não consegui nada disse eu; para meu espanto, levantou-se e disse: anda comigo ,e saíu porta fora,caminhando apressado em direcção ao refeitório .Quando chegámos bateu á porta o sargento apareceu e capitão perguntou-lhe am voz alta :Porque é que este homem não come? mas meu capitão é que, ia a dizer o sargento, Porque é que este homem não come? voltou ele a perguntar, o sargento não sabia o que dizer,o capitão virou-se para ele e disse :quero este homem a comer já, e foi se embora; então o sargento virou-se para mim e disse ;nosso cabo se eu lhe arranjar uns ovos mexidos com chouriço já se desenrasca?Ó meu primeiro então eu so queria um bocado de pão,e não havia ,e agora já há ovos e chouriço? valha-o Deus meu primeiro, Passado um bocado, tinha na minha frente uma frigideira com ovos mexidos com chouriço, que por acaso nem gosto muito mas que me souberam muito bem um pão inteiro uma cafeteira de vinho e três bananas; BEM HAJA MEU CAPITÃO se já não estiver entre nós que DEUS o guarde .Um abraço para todos A.Eugénio

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Este capitão Conceição era de Faro , rude como tudo mas uma pessoa muito humana , também tive uma boa história com ele.

      Eliminar